Nội dung text M4P3 Sistema Endócrino.pdf
Allana Karine Gatinho Garcia - Medicina UEPA 2020.1 1 1. Descrever a morfologia do sistema endócrino; 2. Definir os mecanismos de sinalização autócrina, parácrina e endócrina; 3. Compreender o controle neuroendócrino (fatores de estímulo e inibição) e seus efeitos na homeostasia corporal; 4. Compreender os eixos hipotálamo-hipófise e hipófise-glândulas; 5. Classificar as glândulas e os tipos de hormônios liberados pelas células endócrinas. O sistema endócrino atua por meio das glândulas, células que liberam mediadores chamados de hormônios, os quais são capazes de regular a atividade celular em outras partes do corpo, agindo sobre células-alvo específicas por meio dos receptores presentes em suas membranas. O sistema nervoso atua sobre as glândulas específicas, estimulando-as ou inibindo-as. Os sistemas nervoso e endócrino atuam em conjunto para coordenar as funções de outros sistemas e promover a homeostase corporal, funcionando como um “supersistema” interconectado, denominado neuroendócrino. O sistema endócrino produz uma resposta mais lenta e prolongada em relação à do sistema nervoso. Histologicamente, as glândulas são formadas a partir de epitélios de revestimento cujas células se proliferaram e invadiram o tecido conjuntivo subjacente. As glândulas podem ser classificadas em exócrinas ou endócrinas, de modo que as glândulas exócrinas mantêm sua conexão com o epitélio por meio de um ducto tubular pelo qual os hormônios são secretados no lúmen de um órgão ou na superfície externa do corpo, enquanto as glândulas endócrinas secretam os hormônios no líquido intersticial que as circundam, de onde esses hormônios se difundem para os capilares sanguíneos e são transportados até as células-alvo. De acordo com a organização das células, as glândulas endócrinas podem ser diferenciadas em dois tipos: a) Cordonal: as células formam cordões anastomosados, entremeados por capilares sanguíneos. São exemplos: adrenal, paratireoide, lóbulo anterior da hipófise; b) Folicular: as células formam folículos (vesículas), pequenas esferas preenchidas pelo material secretado. Um exemplo é a tireoide. As atividades corporais de células, tecidos e órgãos são coordenadas pela relação entre vários tipos de mensageiros químicos, dentre os quais se destacam: 1) Neurotransmissores: liberados por terminais de axônios nas junções sinápticas, atuam localmente para controlar as funções das células nervosas; 2) Hormônios endócrinos: liberados por glândulas ou células especializadas no sangue circulante, influenciam a função das células-alvo em outro local do corpo; 3) Hormônios neuroendócrinos: secretados por neurônios no sangue circulante, influenciam a função de células- alvo em outro local do corpo; 4) Citocinas: polipeptídios ou glicoproteínas que podem ser secretados por praticamente qualquer tipo de célula nucleada (principalmente células imunes) no líquido extracelular, tais como interleucinas, fatores de crescimento e interferons. Módulo 4 - Problema 3 Allana Karine Gatinho Garcia
Allana Karine Gatinho Garcia - Medicina UEPA 2020.1 2 Os hormônios são mensageiros químicos secretados pelas glândulas endócrinas, por células endócrinas isoladas ou por neurônios (neuro-hormônios). Eles são responsáveis por diversas funções corporais contínuas e prolongadas, tais como metabolismo, reprodução, crescimento, desenvolvimento e manutenção da temperatura corporal. Hormônios atuam sobre as células-alvo controlando três funções: (1) a taxa de reações enzimáticas, (2) o transporte iônico ou de moléculas através da membrana celular ou (3) a expressão gênica e a síntese proteica. As glândulas secretam hormônios de três grandes classes, que agem de modo diferente devido a sua composição química: Hormônios peptídicos/proteicos São a maioria dos hormônios, sendo compostos por vários aminoácidos e podendo ser tanto pequenas cadeias de três aminoácidos (hormônio liberador de tireotropina) quanto grandes proteínas e glicoproteínas (tal como GH a prolactina). Incluem os hormônios secretados por hipófise, pâncreas, tireoide, paratireoide e células endócrinas difusas dos sistemas digestivo e respiratório. Síntese: ocorre no retículo endoplasmático rugoso das células endócrinas (tal como a maioria das outras proteínas). Geralmente são sintetizados primeiro os pré- pró-hormônios, proteínas maiores que são posteriormente clivadas em pró-hormônios inativos ainda no retículo endoplasmático. Estes são transferidos para o complexo de Golgi, onde são armazenados em vesículas secretoras que contém enzimas, as quais clivam os pró-hormônios e produzem os hormônios biologicamente ativos. Secreção: ocorre quando as vesículas secretoras se fundem à membrana celular, liberando os hormônios peptídicos (e também dos fragmentos inativos resultantes da clivagem) por exocitose no espaço extracelular, de onde o hormônio se difunde para a circulação e é transportado ao alvo. O estímulo à exocitose pode ocorrer pelo aumento da concentração de cálcio no citosol (devido a despolarização da membrana) ou pela estimulação de um receptor endócrino de membrana que causa o aumento da concentração de AMPc (monofosfato de adenosina cíclico), a qual ativa proteinocinases que iniciam a secreção do hormônio. Transporte na corrente sanguínea: por serem solúveis em água, se dissolvem com facilidade no plasma ao serem transportados por todo o corpo. Como têm meia-vida curta, de alguns minutos, precisam ser secretados continuamente caso a resposta precise ser mantida por mais tempo. Resposta celular: geralmente rápida. Como são lipofóbicos, os hormônios peptídicos não podem entrar nas células-alvo e se ligam a receptores de membrana que iniciam o processo de transdução de sinal. Muitos hormônios peptídicos utilizam o sistema de segundo mensageiro do AMP-cíclico. Alguns receptores de hormônios peptídicos, como os da insulina, têm atividade tirosina-cinase. Efeitos: incluem a abertura ou o fechamento de canais da membrana e a modulação de enzimas metabólicas ou de proteínas transportadoras. Além disso, foi descoberto recentemente que alguns hormônios peptídicos têm efeitos mais duradouros quando seus sistemas de segundos mensageiros ativam genes e estimulam a síntese de novas proteínas.
Allana Karine Gatinho Garcia - Medicina UEPA 2020.1 3 Hormônios esteroides São hormônios derivados do colesterol, portanto, lipossolúveis, e consistem em três anéis ciclo-hexila e um anel ciclopentila. São produzidos somente no córtex da suprarrenal, nas gônadas e na placenta. Síntese: ocorre no retículo endoplasmático liso sempre que há necessidade dos hormônios, uma vez que, diferentemente dos hormônios peptídicos, estes não podem ser armazenados em vesículas (porque são lipossolúveis e se difundem através de membranas). Assim, logo que há uma demanda, um estímulo ativa a célula endócrina, precursores se convertem em hormônios ativos e estes saem da célula por difusão simples. Transporte na corrente sanguínea: como não são solúveis no plasma, a maioria dos hormônios esteroides são transportados no sangue por meio de ligações com proteínas carreadoras, que podem ser inespecíficas, como a albumina, ou específicas, como a globulina ligadora de corticosteroides. A proteína carreadora protege o hormônio da degradação enzimática (o que aumenta sua meia-vida), mas bloqueia sua entrada nas células-alvo; assim, somente os poucos hormônios não-ligados são capazes de entrar por difusão. Então, pela lei da ação das massas (a fim de manter a razão entre hormônios ligados e não-ligados no plasma constante), conforme os não-ligados deixam o plasma, as proteínas carreadoras passam a liberar os hormônios ligados. Resposta celular: os receptores de hormônios esteroides são encontrados no citoplasma e no núcleo. No núcleo, um complexo receptor-hormônio atua como fator de transcrição e se liga ao DNA, sendo capaz de ativar ou inibir um ou mais genes. Essa capacidade de alterar a atividade gênica e a síntese proteica da célula-alvo é chamada de efeito genômico. OBS: diversos hormônios esteroides também se ligam a receptores de membrana e desencadeiam respostas rápidas não genômicas por meio de sistemas de segundos mensageiros. Como há um intervalo de tempo entre a ligação do hormônio com o receptor e o efeito gerado, diz-se que os hormônios esteroides desencadeiam respostas lentas. Hormônios amínicos ou aminados Possuem um grupamento amina (-NH3 + ) e são sintetizados a partir da descarboxilação ou da modificação de um aminoácido. As catecolaminas (epinefrina, norepinefrina e dopamina) e os hormônios tireoidianos são sintetizadas a partir do aminoácido tirosina, a histamina é sintetizada a partir da histidina e a serotonina e a melatonina são sintetizadas a partir do triptofano. OBS: apesar da origem em comum, as catecolaminas diferem muito dos hormônios da tireoide; as catecolaminas são neuro-hormônios que se ligam a receptores de membrana, enquanto os hormônios tireoidianos se comportam como esteroides e se ligam a receptores intracelulares e desencadeiam efeito genômico.